O movimento brusco do carro fez
com que Ana gemesse em protesto devido à dor de cabeça. Estava quente e ela
podia sentir as gotas de suor escorrendo pelo seu rosto. Seus braços doíam e
ela percebeu que não conseguia movê-los. Aos poucos, ela começou a abrir os
olhos apenas para não enxergar nada somente uma frestinha de luz. Novamente o
movimento brusco fez com que ela acordasse um pouco mais só para perceber a
gravidade da sua situação atual. Não demorou para ela perceber que estava
dentro de um porta-malas de um carro, assim como não demorou para perceber que
estava amarrada. Aos poucos sua mente foi buscando informações e logo ela se
lembrou. A festa. A bebida. A tontura. Kurt a levando para tomar um ar. A visão
embaçada. Alguém tapando seu nariz. A falta de ar. E finalmente a escuridão. Sempre preocupada com o bem-estar dos outros, ela se preocupou com Kurt.
Sua mãe há essa
hora estaria surtando. Seu padrasto deveria estar que nem louco à sua procura.
Seus amigos todos estariam preocupados com seu paradeiro. E falando nisso. Onde
ela estava? O desespero começou a surgir fazendo com que ela batesse seus pés
na lateral da lataria para chamar a atenção de quem quer que fosse. O que
funcionou, pois depois de alguns minutos o carro finalmente parou, e o barulho
de uma porta sendo aberta e depois fechada foi ouvido, fazendo o coração da
garota acelerar.
O porta-malas foi aberto e a luz
do sol a cegou, fazendo com que ela apertasse os olhos para se proteger.
— Dá pra ficar quieta, ou terei
que amarrar as suas pernas também?
Automaticamente os olhos da
morena se arregalaram e lacrimejaram na mesma hora devido a claridade do sol.
Seu olhar seguiu até a silhueta e travou ali. Não conseguia enxerga-lo direito,
pois o mesmo estava na direção da luz do sol, mas aquela voz era inconfundível
e isso a fez chorar copiosamente.